segunda-feira, 9 de junho de 2008

Um pouco de mim












Já que me propus a escrever aqui no blog do SOS Serra da Piedade acho justo que vocês, leitores me conheçam um pouco além do perfil postado.

Nasci num pequeno apartamento de um bairro movimentado da capital paulistana e tenho um pé no continente asiático por parte de pai, portanto tive uma educação extremamente rígida e exercida com autoritarismo, mas em contrapartida, por parte de mãe descendente de europeus, coube a parte carinhosa e erudita. Passei minha infância de filha única num pequeno espaço físico, mas num enorme mundo imaginário das bonecas, dos livros, da música (só a clássica era permitida), das tintas e lápis de cores.

Mas lembro que às vezes saía desse mundo particular e ia visitar minha avó japonesa que morava numa colônia de imigrantes no interior de São Paulo. Com ela pouco me comunicava, pois não falávamos a mesma língua, além é claro de ser discriminada por ser mestiça. Por essa razão preferia ficar do lado de fora da casa e mesmo sentindo certa hostilidade por parte dos parentes japoneses tenho nesses momentos as melhores lembranças da minha infância.

O elo com a natureza sempre foi tão forte e presente em mim, que essas vivências deixaram marcas profundas e positivas. Lembro-me de sentir a felicidade e plenitude nunca entendidas ou explicadas. Corria pelo campo feito desvairada e queria interagir com todos os bichos que via, de uma simples formiga a uma vaca. Passava horas, entretida atrás de uma formiguinha observando sua vidinha perfeita... Entrando e saindo dos buraquinhos, carregando folhas enormes em proporção ao seu próprio tamanho e a solidária cooperação que existe entre todos da espécie. Valia por muitos dias de banco de escola e quando assustava já estava escurecendo. A noite vinha e descia sua cortina de estrelas, deitava então na grama e me perdia em deleite ao contemplar e sentir a grandeza do Universo, uma interação que só quem já sentiu pode me entender.

Cresci no incômodo da cidade grande e sempre com a sensação de que aquele não era o meu lugar, não podia ser... Um lugar que não havia terra pra pisar e plantar, nem flor pra cheirar, nem água corrente pra se banhar, nem sombra de árvore pra descansar. Quando estudante universitária participava do Centro Excursionista Universitário e sempre que podia viajava para lugares inóspitos, acampando, subindo montanha e explorando cavernas. Quando me especializei em fotografia, após ter me formado em Artes Plásticas, meu primeiro projeto resultou numa exposição, a mostra em preto e branco intitulava-se “Verde Paulicéia”, onde busquei retratar os lugares públicos em que houvesse verde, mesmo que timidamente, como o Parque Ibirapuera, Horto Florestal, Jardim Botânico entre outros.

No final de 1982 vim para Caeté para visitar um amigo e no dia em que cheguei fomos à Serra da Piedade. Já na subida senti um friozinho na barriga e uma enorme inquietação, como se intuísse algo. Lá em cima fiquei completamente extasiada e ao assistir ao por-do-sol meu coração descompassado me dizia: “Aqui é seu lugar!” A decisão estava tomada naquele instante, mudei-me pra cá a despeito do que estava construindo por lá, pois acabara de montar um estúdio de fotografia publicitária, tinha uma filha de 3 meses e fortes vínculos familiares. Deixei tudo e cá estou, entregue com muita dedicação ao objeto da minha paixão – a Serra da Piedade.

2 comentários:

siusi disse...

DIGA PRA DONA SERRA DA PIEDADE Q EU PEDI A VC PARA REBATIZA-LA DE SERRA DO COMIGO NINGUEM PODE, SO QUEM MANDA EM MIM É PAPAI DO CEU E MAMAE NATUREZA, ESSE NOME PIEDADE VAI ME DANDO AFLIÇÃO, MAS Q COISA MAIS BOAZINHA, EEEEEEE

Alice Okawara disse...

Um amigo do coração me disse hoje que tentou postar aqui e não conseguiu, talvez ele seja um pouco mais desajeitado do que eu nas relações com as máquinas e botões...
Então esse comentário é de Geovane Camilo:

Uma menina chamada Serra da Piedade, de beleza única e rara me confessou algumas palavras, apesar de tímida tem um coração valioso e vive nos ajudando, nos dando colo e nos ensinado a confessar com o Pai. Disse assim: “Sabe amigo, eu gosto de ficar aqui, bem ali mesmo, de lá dá pra ver vocês todos, nasci aqui, meu pai me deu uma casa junto das minhas irmãs menores, cuido delas também, pena amigo que homens tenham tentado me despir, gosto da minha roupinha verde velha dada pelo papai que já ta surrada pelo tempo, tempo esse que os homens se respeitavam e respeitavam meninas que não podem se defender. Amigo sabe continuarei aqui mesmo pedindo a papai que continue cuidando de vocês. Bjim da Serra da Piedade.” Geovane Camilo.