sexta-feira, 27 de junho de 2008
Coração menino
Amigos da Serra da Piedade
Visto que um de nossos blogueiros, o Wanderlei, ainda não teve tempo de colocar nada aqui em nosso blog, pensei em postar uma poesia dele lá no espaço dele, mas não saberia fazer uma introdução em seu nome, pois sendo ele o único poeta de nós, qualquer coisa que escrevesse por lá, soaria deselegante comparado ao seu estilo singular.
Então transcrevo em meu próprio espaço o poema do amigo Wanderlei Pinheiro intitulado “Coração menino” e ainda me atrevo a tecer um humilde comentário:
“Coração menino” quando li pela primeira das inúmeras vezes, falou na minha alma, cantou em meus ouvidos como canto de passarinho do mato, chegou a sussurrar baixinho todos os meus sonhos.
“Coração menino” tocou fundo em meu coração, passeou nas tenras lembranças da infância e provocou o deleite de quem conhece o sabor do encantamento. O encantamento é que nos conduz às descobertas e nos leva ao conhecimento.
Falando em encantamento, o pela Serra da Piedade, quem a conhece entende, o pela natureza quem pisa e sente o prazer da terra nos pés compreende. Esse é justamente o encantamento que une os integrantes do movimento SOS Serra da Piedade, que se estende no respeito que temos pela perfeição divina expressa em sua criação, que desperta nossa consciência para a preservação de nossas serras e águas, nos fortalece e conduz aos embates e também inspira nossos corações meninos.
CORAÇÃO MENINO
O coração
Navega o céu
Feito lua cheia de junho,
Encontra o sol
E diz adeus baixinho,
Canção de vento
Sobre a terra
Que sonha olhos de
Menino,
Já fui rio,
Fui estrela,
Fui passarinho,
Hoje sou homem
e ainda sou menino,
Ainda ontem
E
Anteontem
Ainda hoje
E
Amanhã
Já nasceu tanta manhã
De luz
Já morreu tanto dia
De escuro
Prá nascer de novo
Prá tão pouca
gente saber perceber
Seu coração.
Anda a pé,
Sobe a serra,
Vai dizendo Ave Maria,
Piedade prá quem sonha
Com olhos de menino,
Já fui rei,
Fui semente,
Flor do caminho,
Hoje sou homem
Prá sempre ser menino.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Do semanário BRECHA - Uruguai
Amigo Leitor,
Nosso editor, o Pedro, preparou este espaço para compartilharmos opiniões.
Vou usá-lo um pouco para colocar idéias próprias, e também para divulgar textos e imagens que recebo ou que fazem parte do meu dia-a-dia, pesquisando impressões do passado. Acho que desta forma, valorizo o espaço criado pelo Pedro, um presentaço para o SOS Serra da Piedade, para Caeté e as nossas(?) Minas Gerais. Usarei o espaço para publicar subsídios para a reflexão de todos.
Estréio com texto do Eduardo Galeano, o ensaista uruguaio autor do famoso "As Veias Abertas da América Latina", que acabo de receber.
Um abraço e boa leitura,
Gustavo Gazzinelli
Do semanário BRECHA - Uruguai
Do semanário BRECHA - Uruguai
O Equador está discutindo uma nova Constituição. Entre as propostas, abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história, os direitos da natureza. Parece loucura querer que a natureza tenha direitos. Em compensação, parece normal que as grandes empresas dos EUA desfrutem de direitos humanos, conforme foi aprovado pela Suprema Corte, em 1886.
EDUARDO GALEANO:
O mundo pinta naturezas mortas, sucumbem os bosques naturais, derretem os pólos, o ar torna-se irrespirável e a água imprestável, plastificam-se as flores e a comida, e o céu e a terra ficam completamente loucos.
E, enquanto tudo isto acontece, um país latino-americano, o Equador, está discutindo uma nova Constituição. E nessa Constituição abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história universal, os direitos da natureza.
A natureza tem muito a dizer, e já vai sendo hora de que nós, seus filhos, paremos de nos fingir de surdos. E talvez até Deus escute o chamado que soa saindo deste país andino, e acrescente o décimo primeiro mandamento, que ele esqueceu nas instruções que nos deu lá do monte Sinai: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".
Um objeto que quer ser sujeito
Durante milhares de anos, quase todo o mundo teve direito de não ter direitos.
Nos fatos, não são poucos os que continuam sem direitos, mas pelo menos se reconhece, agora, o direito a tê-los; e isso é bastante mais do que um gesto de caridade dos senhores do mundo para consolo dos seus servos.
E a natureza? De certo modo, pode-se dizer que os direitos humanos abrangem a natureza, porque ela não é um cartão postal para ser olhado desde fora; mas bem sabe a natureza que até as melhores leis humanas tratam-na como objeto de propriedade, e nunca como sujeito de direito.
Reduzida a uma mera fonte de recursos naturais e bons negócios, ela pode ser
legalmente maltratada, e até exterminada, sem que suas queixas sejam
escutadas e sem que as normas jurídicas impeçam a impunidade dos criminosos.
No máximo, no melhor dos casos, são as vítimas humanas que podem exigir uma
indenização mais ou menos simbólica, e isso sempre depois que o mal já foi
feito, mas as leis não evitam nem detêm os atentados contra a terra, a água
ou o ar.
Parece estranho, não é? Isto de que a natureza tenha direitos... Uma loucura. Como se a natureza fosse pessoa! Em compensação, parece muito normal que as grandes empresas dos Estados Unidos desfrutem de direitos humanos. Em 1886, a Suprema Corte dos Estados Unidos, modelo da justiça universal, estendeu os direitos humanos às corporações privadas. A lei reconheceu para elas os mesmos direitos das pessoas: direito à vida, à livre expressão, à privacidade e a todo o resto, como se as empresas respirassem. Mais de 120 anos já se passaram e assim continua sendo. Ninguém fica estranhado com isso.
Gritos e sussurros
Nada há de estranho, nem de anormal, o projeto que quer incorporar os direitos da natureza à nova Constituição do Equador.
Este país sofreu numerosas devastações ao longo da sua história. Para citar apenas um exemplo, durante mais de um quarto de século, até 1992, a empresa petroleira Texaco vomitou impunemente 18 bilhões de galões de veneno sobre terras, rios e pessoas. Uma vez cumprida esta obra de beneficência na Amazônia equatoriana, a empresa nascida no Texas celebrou seu casamento com a Standard Oil. Nessa época, a Standard Oil, de Rockefeller, havia passado a se chamar Chevron e era dirigida por Condoleezza Rice. Depois, um oleoduto transportou Condoleezza até a Casa Branca, enquanto a família Chevron-Texaco continuava contaminando o mundo.
Mas as feridas abertas no corpo do Equador pela Texaco e outras empresas não são a única fonte de inspiração desta grande novidade jurídica que se tenta levar adiante. Além disso, e não é o menos importante, a reivindicação da natureza faz parte de um processo de recuperação das mais antigas tradições do Equador e de toda a América. Visa a que o Estado reconheça e garanta o direito de manter e regenerar os ciclos vitais naturais, e não é por acaso que a Assembléia Constituinte começou por identificar seus objetivos de renascimento nacional com o ideal de vida do sumak kausai. Isso significa, em língua quechua, vida harmoniosa: harmonia entre nós e harmonia com a natureza, que nos gera, nos alimenta e nos abriga e que tem vida própria, e valores próprios, para além de nós.
Essas tradições continuam miraculosamente vivas, apesar da pesada herança do racismo, que no Equador, como em toda a América, continua mutilando a realidade e a memória. E não são patrimônio apenas da sua numerosa população indígena, que soube perpetuá-las ao longo de cinco séculos de proibição e desprezo. Pertencem a todo o país, e ao mundo inteiro, estas vozes do passado que ajudam a adivinhar outro futuro possível.
Desde que a espada e a cruz desembarcaram em terras americanas, a conquista européia castigou a adoração da natureza, que era pecado de idolatria, com penas de açoite, forca ou fogo. A comunhão entre a natureza e o povo, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e depois em nome da civilização. Em toda a América, e no mundo, continuamos pagando as conseqüências desse divorcio obrigatório.
Nosso editor, o Pedro, preparou este espaço para compartilharmos opiniões.
Vou usá-lo um pouco para colocar idéias próprias, e também para divulgar textos e imagens que recebo ou que fazem parte do meu dia-a-dia, pesquisando impressões do passado. Acho que desta forma, valorizo o espaço criado pelo Pedro, um presentaço para o SOS Serra da Piedade, para Caeté e as nossas(?) Minas Gerais. Usarei o espaço para publicar subsídios para a reflexão de todos.
Estréio com texto do Eduardo Galeano, o ensaista uruguaio autor do famoso "As Veias Abertas da América Latina", que acabo de receber.
Um abraço e boa leitura,
Gustavo Gazzinelli
Do semanário BRECHA - Uruguai
Do semanário BRECHA - Uruguai
O Equador está discutindo uma nova Constituição. Entre as propostas, abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história, os direitos da natureza. Parece loucura querer que a natureza tenha direitos. Em compensação, parece normal que as grandes empresas dos EUA desfrutem de direitos humanos, conforme foi aprovado pela Suprema Corte, em 1886.
EDUARDO GALEANO:
O mundo pinta naturezas mortas, sucumbem os bosques naturais, derretem os pólos, o ar torna-se irrespirável e a água imprestável, plastificam-se as flores e a comida, e o céu e a terra ficam completamente loucos.
E, enquanto tudo isto acontece, um país latino-americano, o Equador, está discutindo uma nova Constituição. E nessa Constituição abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história universal, os direitos da natureza.
A natureza tem muito a dizer, e já vai sendo hora de que nós, seus filhos, paremos de nos fingir de surdos. E talvez até Deus escute o chamado que soa saindo deste país andino, e acrescente o décimo primeiro mandamento, que ele esqueceu nas instruções que nos deu lá do monte Sinai: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".
Um objeto que quer ser sujeito
Durante milhares de anos, quase todo o mundo teve direito de não ter direitos.
Nos fatos, não são poucos os que continuam sem direitos, mas pelo menos se reconhece, agora, o direito a tê-los; e isso é bastante mais do que um gesto de caridade dos senhores do mundo para consolo dos seus servos.
E a natureza? De certo modo, pode-se dizer que os direitos humanos abrangem a natureza, porque ela não é um cartão postal para ser olhado desde fora; mas bem sabe a natureza que até as melhores leis humanas tratam-na como objeto de propriedade, e nunca como sujeito de direito.
Reduzida a uma mera fonte de recursos naturais e bons negócios, ela pode ser
legalmente maltratada, e até exterminada, sem que suas queixas sejam
escutadas e sem que as normas jurídicas impeçam a impunidade dos criminosos.
No máximo, no melhor dos casos, são as vítimas humanas que podem exigir uma
indenização mais ou menos simbólica, e isso sempre depois que o mal já foi
feito, mas as leis não evitam nem detêm os atentados contra a terra, a água
ou o ar.
Parece estranho, não é? Isto de que a natureza tenha direitos... Uma loucura. Como se a natureza fosse pessoa! Em compensação, parece muito normal que as grandes empresas dos Estados Unidos desfrutem de direitos humanos. Em 1886, a Suprema Corte dos Estados Unidos, modelo da justiça universal, estendeu os direitos humanos às corporações privadas. A lei reconheceu para elas os mesmos direitos das pessoas: direito à vida, à livre expressão, à privacidade e a todo o resto, como se as empresas respirassem. Mais de 120 anos já se passaram e assim continua sendo. Ninguém fica estranhado com isso.
Gritos e sussurros
Nada há de estranho, nem de anormal, o projeto que quer incorporar os direitos da natureza à nova Constituição do Equador.
Este país sofreu numerosas devastações ao longo da sua história. Para citar apenas um exemplo, durante mais de um quarto de século, até 1992, a empresa petroleira Texaco vomitou impunemente 18 bilhões de galões de veneno sobre terras, rios e pessoas. Uma vez cumprida esta obra de beneficência na Amazônia equatoriana, a empresa nascida no Texas celebrou seu casamento com a Standard Oil. Nessa época, a Standard Oil, de Rockefeller, havia passado a se chamar Chevron e era dirigida por Condoleezza Rice. Depois, um oleoduto transportou Condoleezza até a Casa Branca, enquanto a família Chevron-Texaco continuava contaminando o mundo.
Mas as feridas abertas no corpo do Equador pela Texaco e outras empresas não são a única fonte de inspiração desta grande novidade jurídica que se tenta levar adiante. Além disso, e não é o menos importante, a reivindicação da natureza faz parte de um processo de recuperação das mais antigas tradições do Equador e de toda a América. Visa a que o Estado reconheça e garanta o direito de manter e regenerar os ciclos vitais naturais, e não é por acaso que a Assembléia Constituinte começou por identificar seus objetivos de renascimento nacional com o ideal de vida do sumak kausai. Isso significa, em língua quechua, vida harmoniosa: harmonia entre nós e harmonia com a natureza, que nos gera, nos alimenta e nos abriga e que tem vida própria, e valores próprios, para além de nós.
Essas tradições continuam miraculosamente vivas, apesar da pesada herança do racismo, que no Equador, como em toda a América, continua mutilando a realidade e a memória. E não são patrimônio apenas da sua numerosa população indígena, que soube perpetuá-las ao longo de cinco séculos de proibição e desprezo. Pertencem a todo o país, e ao mundo inteiro, estas vozes do passado que ajudam a adivinhar outro futuro possível.
Desde que a espada e a cruz desembarcaram em terras americanas, a conquista européia castigou a adoração da natureza, que era pecado de idolatria, com penas de açoite, forca ou fogo. A comunhão entre a natureza e o povo, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e depois em nome da civilização. Em toda a América, e no mundo, continuamos pagando as conseqüências desse divorcio obrigatório.
Publicado originalmente no semanário Brecha, do Uruguai.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
MOVIMENTO AMBIENTAL; INSERÇÃO E CONTEXTO
O movimento ambiental de Caeté está inserido num contexto muito mais amplo e diz respeito à ação de setores organizados da sociedade civil interessados em assegurar a manutenção da qualidade de vida ainda existente em Caeté. Desde a proteção ao meio ambiente com a regulamentação de leis e normas, instalação dos Conselhos do Patrimônio Cultural e Natural de Caeté e CODEMA - Cons. Mun.de Desenvolvimento Ambiental ao uso racional de suas potencialidades naturais com a criação inicial de Unidades de Proteção que possam abrigar futuros parque ecológicos como as Áreas de Proteção Ambiental Água Limpa e Pedra Branca; do fortalecimento da sociedade civil para atuar como agente e parceira nesse processo fiscalizando e formulando políticas para os setores específicos, ao planejamento do crescimento da cidade com diretrizes para o uso e ocupação do solo definidas no bojo do Plano Diretor do município, item urgente e obrigatório na agenda do município para os próximos anos Caeté, aproximada dos grandes centros de produção (Contagem, BH e Betim) por um rodo-anel, já previsto em projeto do estado e que diminuirá o tempo de deslocamento Caeté - BH de 1:30 min. para 00:45 min. terá lá as indústrias tão sonhadas pelos nossos trabalhadores desempregados além de abrir um grande e rápido acesso também de lá para cá. Para a realização do rodo-anel valerá articulação política e integração com os vizinhos interessados nessa obra, o que é mais construtivo do que a disputa com os mesmos para trazer indústrias para cá, muito mais difícil por vários aspectos.
Cumprida a agenda acima citada em todos seus aspectos, com proteção, organização e potencialização de seu patrimônio natural, cultural, histórico e inseridas aí políticas reais de incentivo ao turismo propomos, com essas ações, inaugurar um novo tempo em que Caeté estará preparada para atender ao público oriundo do universo de milhões de pessoas que vivem na Grande BH. Sedentos do bem mais precioso atualmente, a qualidade de vida, esse público alvo sai nos finais de semana para buscá-la (e bancá-la) nas cidades satélites da Capital alavancando o desenvolvimento econômico que estiver preparado para isso.
Nesta visão, que, devido à resistência encontrada parece ser apenas deste militante e de uns poucos, o desenvolvimento econômico e social de Caeté, passa novamente pelo usufruto de suas riquezas naturais, porém, de uma nova forma, isso é, contrária à idéia vigente que é imediatista e irresponsável na exploração das potencialidades do lugar. Sem abrir mão da qualidade de vida de nossa cidade, colhendo frutos da proteção ambiental, faríamos valorizar cada metro quadrado do município numa divisão coletiva dos ganhos. A previsão para isso? 10 a 15 anos; mas a contagem já começou. Contamos o tempo desde 1999 quando foi empossado o CODEMA, e fundado o MACACA - Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté. O surgimento do SOS Serra da Piedade em 2001 complementou o atual movimento ambiental e cultural que deflagrou o processo e deu início a caminhada rumo à Caeté que, segundo nossa visão de mundo, é a melhor para o futuro. Nosso e de nossos filhos.
Cumprida a agenda acima citada em todos seus aspectos, com proteção, organização e potencialização de seu patrimônio natural, cultural, histórico e inseridas aí políticas reais de incentivo ao turismo propomos, com essas ações, inaugurar um novo tempo em que Caeté estará preparada para atender ao público oriundo do universo de milhões de pessoas que vivem na Grande BH. Sedentos do bem mais precioso atualmente, a qualidade de vida, esse público alvo sai nos finais de semana para buscá-la (e bancá-la) nas cidades satélites da Capital alavancando o desenvolvimento econômico que estiver preparado para isso.
Nesta visão, que, devido à resistência encontrada parece ser apenas deste militante e de uns poucos, o desenvolvimento econômico e social de Caeté, passa novamente pelo usufruto de suas riquezas naturais, porém, de uma nova forma, isso é, contrária à idéia vigente que é imediatista e irresponsável na exploração das potencialidades do lugar. Sem abrir mão da qualidade de vida de nossa cidade, colhendo frutos da proteção ambiental, faríamos valorizar cada metro quadrado do município numa divisão coletiva dos ganhos. A previsão para isso? 10 a 15 anos; mas a contagem já começou. Contamos o tempo desde 1999 quando foi empossado o CODEMA, e fundado o MACACA - Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté. O surgimento do SOS Serra da Piedade em 2001 complementou o atual movimento ambiental e cultural que deflagrou o processo e deu início a caminhada rumo à Caeté que, segundo nossa visão de mundo, é a melhor para o futuro. Nosso e de nossos filhos.
Um pouco de mim
Já que me propus a escrever aqui no blog do SOS Serra da Piedade acho justo que vocês, leitores me conheçam um pouco além do perfil postado.
Nasci num pequeno apartamento de um bairro movimentado da capital paulistana e tenho um pé no continente asiático por parte de pai, portanto tive uma educação extremamente rígida e exercida com autoritarismo, mas em contrapartida, por parte de mãe descendente de europeus, coube a parte carinhosa e erudita. Passei minha infância de filha única num pequeno espaço físico, mas num enorme mundo imaginário das bonecas, dos livros, da música (só a clássica era permitida), das tintas e lápis de cores.
Mas lembro que às vezes saía desse mundo particular e ia visitar minha avó japonesa que morava numa colônia de imigrantes no interior de São Paulo. Com ela pouco me comunicava, pois não falávamos a mesma língua, além é claro de ser discriminada por ser mestiça. Por essa razão preferia ficar do lado de fora da casa e mesmo sentindo certa hostilidade por parte dos parentes japoneses tenho nesses momentos as melhores lembranças da minha infância.
O elo com a natureza sempre foi tão forte e presente em mim, que essas vivências deixaram marcas profundas e positivas. Lembro-me de sentir a felicidade e plenitude nunca entendidas ou explicadas. Corria pelo campo feito desvairada e queria interagir com todos os bichos que via, de uma simples formiga a uma vaca. Passava horas, entretida atrás de uma formiguinha observando sua vidinha perfeita... Entrando e saindo dos buraquinhos, carregando folhas enormes em proporção ao seu próprio tamanho e a solidária cooperação que existe entre todos da espécie. Valia por muitos dias de banco de escola e quando assustava já estava escurecendo. A noite vinha e descia sua cortina de estrelas, deitava então na grama e me perdia em deleite ao contemplar e sentir a grandeza do Universo, uma interação que só quem já sentiu pode me entender.
Cresci no incômodo da cidade grande e sempre com a sensação de que aquele não era o meu lugar, não podia ser... Um lugar que não havia terra pra pisar e plantar, nem flor pra cheirar, nem água corrente pra se banhar, nem sombra de árvore pra descansar. Quando estudante universitária participava do Centro Excursionista Universitário e sempre que podia viajava para lugares inóspitos, acampando, subindo montanha e explorando cavernas. Quando me especializei em fotografia, após ter me formado em Artes Plásticas, meu primeiro projeto resultou numa exposição, a mostra em preto e branco intitulava-se “Verde Paulicéia”, onde busquei retratar os lugares públicos em que houvesse verde, mesmo que timidamente, como o Parque Ibirapuera, Horto Florestal, Jardim Botânico entre outros.
No final de 1982 vim para Caeté para visitar um amigo e no dia em que cheguei fomos à Serra da Piedade. Já na subida senti um friozinho na barriga e uma enorme inquietação, como se intuísse algo. Lá em cima fiquei completamente extasiada e ao assistir ao por-do-sol meu coração descompassado me dizia: “Aqui é seu lugar!” A decisão estava tomada naquele instante, mudei-me pra cá a despeito do que estava construindo por lá, pois acabara de montar um estúdio de fotografia publicitária, tinha uma filha de 3 meses e fortes vínculos familiares. Deixei tudo e cá estou, entregue com muita dedicação ao objeto da minha paixão – a Serra da Piedade.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
“As cores ideais” ou “Verde x Preto”
Como fotógrafa, amante da natureza e arte-educadora me considero também amante das cores, principalmente do verde, aliás muitas vezes sou chamada de xiita verde e diga-se de passagem, com muito orgulho. Pode ser radicalismo sim... mas ainda é insuficiente para conter o radicalismo do setor econômico, que vem gananciosamente destruindo as riquezas do planeta para atender o consumo e o consumismo de um modelo capitalista amplamente adotado.
Inicialmente pensamos no verde como fundo do blog, bastante significativo e esperançoso, mas optamos pelo preto, não por sinal de luto, mas por ser ecologicamente correto. Monitores de vídeo gastam mais energia para mostrar a cor branca do que a cor preta, para exibir o branco é gasto cerca de 74 watts, enquanto uma tela preta consome 59 watts, medições feitas por profissionais da Rising Phoenix Design, a empresa que lidera o movimento “Black Back Web Theory”. Pode parecer uma medida ínfima se considerarmos o número acima, mas se a maioria dos sites aderissem a esse movimento teríamos certamente um resultado de grandes proporções, uma significativa contribuição para o nosso planeta aflito.
Como texto inicial gostaria de dar boas vindas à todos os que por aqui passarem e agradecer a iniciativa dos estudantes de comunicação, Pedro Melo e Equipe, que por também amarem a Serra da Piedade, nosso “Corcovado” mineiro, patrimônio histórico, cultural, natural, paisagístico e religioso, mas infelizmente tão cobiçado pelo setor minerário, por ser também uma montanha de ferro de excelente teor, tiveram a gratuidade ao criar uma campanha de divulgação para essa importante causa ambiental e também social, que é o movimento pela preservação de nossa majestosa Serra da Piedade, que inclui o presente blog.
Aqui, certamente teremos um espaço democrático para informarmos sobre as questões que envolvem a Serra da Piedade, uma mídia aberta e sem “rabo preso” que poderá esclarecer o que a mídia “paga” deixa de dizer ou no mínimo distorce.
O que meu coração deseja mais fortemente é que um dia possamos comemorar o dia de hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, sem nenhum remorso ou culpa, com a consciência e o respeito voltados para ações concretas que preservem a natureza, um desejo de que o ser humano resgate suas características humanas que vem se perdendo no tripé, dinheiro, sexo e poder, um tripé insustentável, que tem arrastado a Humanidade ao caos planetário onde até mesmo as relações são descartáveis.
Inicialmente pensamos no verde como fundo do blog, bastante significativo e esperançoso, mas optamos pelo preto, não por sinal de luto, mas por ser ecologicamente correto. Monitores de vídeo gastam mais energia para mostrar a cor branca do que a cor preta, para exibir o branco é gasto cerca de 74 watts, enquanto uma tela preta consome 59 watts, medições feitas por profissionais da Rising Phoenix Design, a empresa que lidera o movimento “Black Back Web Theory”. Pode parecer uma medida ínfima se considerarmos o número acima, mas se a maioria dos sites aderissem a esse movimento teríamos certamente um resultado de grandes proporções, uma significativa contribuição para o nosso planeta aflito.
Como texto inicial gostaria de dar boas vindas à todos os que por aqui passarem e agradecer a iniciativa dos estudantes de comunicação, Pedro Melo e Equipe, que por também amarem a Serra da Piedade, nosso “Corcovado” mineiro, patrimônio histórico, cultural, natural, paisagístico e religioso, mas infelizmente tão cobiçado pelo setor minerário, por ser também uma montanha de ferro de excelente teor, tiveram a gratuidade ao criar uma campanha de divulgação para essa importante causa ambiental e também social, que é o movimento pela preservação de nossa majestosa Serra da Piedade, que inclui o presente blog.
Aqui, certamente teremos um espaço democrático para informarmos sobre as questões que envolvem a Serra da Piedade, uma mídia aberta e sem “rabo preso” que poderá esclarecer o que a mídia “paga” deixa de dizer ou no mínimo distorce.
O que meu coração deseja mais fortemente é que um dia possamos comemorar o dia de hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, sem nenhum remorso ou culpa, com a consciência e o respeito voltados para ações concretas que preservem a natureza, um desejo de que o ser humano resgate suas características humanas que vem se perdendo no tripé, dinheiro, sexo e poder, um tripé insustentável, que tem arrastado a Humanidade ao caos planetário onde até mesmo as relações são descartáveis.
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