segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Tem caroço nesse angu...
O assunto AVG/Serra da Piedade voltou à mídia semana passada, resultado da Audiência Pública do último dia 3 na Assembléia Legislativa realizada por requerimento do deputado Fábio Avelar. O estranho é que na convocação a farsa “Morro do Brumado”, uma antiga invenção da Brumafer, apropriada oportunamente pela AVG (leia-se MMX) adquiriu tons oficialescos por desconhecimento ou má-fé. Não foram convidados para tal audiência o Santuário Serra da Piedade, o Ministério Público Estadual e nem o SOS Serra da Piedade que mesmo assim se fez presente, com seus representantes questionando o projeto da empresa de minerar ainda mais o bem tombado em troca da sua recuperação. Essa proposta mostra-se contraditória desse o seu início, pois, primeiro, a área já foi minerada irresponsavelmente, com grandes danos ao patrimônio e já deveria estar recuperada ou em processo de recuperação e segundo se o aspecto paisagístico do lugar é o principal motivo do tombamento estadual como se permitiria descaracterizá-lo ainda mais. Nessa “troca” na qual o lucro da empresa não aparece nos números apresentados, somente os custos de recuperação e investimentos em uma futura estrutura de lazer a ser “doada” à comunidade depois de um longo período, sem maiores garantias, sujeito á mudanças do mercado, dos homens e das instituições, muda-se também o perfil do lugar de um centro de peregrinação, fé e contemplação para um local de entretenimento e dispersão. Nota-se na mídia estadual e local uma abordagem superficial da questão, a-crítica e claramente direcionada para atender os interesses do poder econômico e político, levando grande parte da população a aceitar o novo discurso sem uma maior reflexão do seu significado. Quanto ao deputado Fábio Avelar verificamos que o mesmo se diz defensor do meio ambiente, mas no final do ano passado conseguiu modificar o projeto do governo estadual de proteção de 80% da denominada “Mata-Seca” do norte de Minas, importante vegetação do bioma Mata Atlântica, reduzindo a proteção pela metade nesta devastada região. Também paralisou o processo do projeto de emenda constitucional para inclusão da Serra da Calçada entre os monumentos tombados pela constituição de Minas. Agora esse “defensor do meio ambiente” está envolvido na questão da Serra da Piedade, como bons mineiros dizemos: “tem caroço nesse angu”...
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